Área de identificação
tipo de entidade
Pessoa
Forma autorizada do nome
Carlos Magno Nazareth Cerqueira
Forma(s) paralela(s) de nome
- Coronel Cerqueira
Formas normalizadas do nome de acordo com outras regras
Outra(s) forma(s) do nome
identificadores para entidades coletivas
área de descrição
datas de existência
1937-1999
história
Carlos Magno Nazareth Cerqueira nasceu em 1937, filho de Maria Madalena Nazareth Cerqueira e do também policial militar Antônio Lourenço Cerqueira. Em 1956 entrou para a Escola de Formação de Oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal, formando-se três anos mais tarde - em primeiro lugar - como cadete. Devido ao seu desempenho foi convidado a estagiar na Academia de Polícia de Paris, a convite do governo francês. Durante sua carreira comandou o 4º Batalhão de Polícia Militar, em São Cristóvão, do 19º, em Copacabana e lecionou para oficiais em formação. Alcançou a patente de coronel em 1973 e junto a sua vida militar graduou-se em psicologia e filosofia. Tal currículo foi fundamental para o desenvolvimento de suas ideias sobre segurança pública e violência por um viés preventivo, apoiado em ações sociais.
Em 1983, o coronel Cerqueira foi convidado para ocupar a recém-criada secretaria de Polícia Militar no governo de Leonel Brizola, o primeiro a ser eleito por voto direto após a ditadura. Diante do cenário de redemocratização que vivia o país, o novo governo desenvolveu um Plano Diretor para a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro com objetivo de reformar a instituição questionando o uso apenas repressivo da instituição e sua relação com a sociedade. Cerqueira que conjugava da ideia que a questão da violência urbana possui diversas origens, incluindo o aumento da desigualdade social. Outra medida de Brizola foi nomeá-lo para comandante da corporação, sendo então o primeiro negro a ocupar o cargo.
O tráfico de drogas se expandiu rapidamente nesse período, Cerqueira não conseguiu implantar mudanças voltadas à prevenção, sendo cobrado pela sociedade por resultados imediatos, quando as ações direcionadas para o social possuem resultados a médio e longo prazo. Houve também resistência interna em aceitar a mudança de postura proposta - Cerqueira acreditava que polícia deveria ser um serviço oferecido à sociedade em oposição a ideia de polícia a serviço do Estado.
Com o retorno de Brizola a chefia do executivo estadual em 1991, o coronel retomou a secretaria conseguindo desta vez, alguns avanços na área de segurança pública. Seu plano de ação sustentava a ênfase na prevenção e no gerenciamento de conflitos. Implantou o policiamento comunitário de forma experimental em Copacabana, integrando polícia e população; criou o Grupo de Vigilância em Estádios (Gepe) para conter a violência nos estádios de futebol visando compreender o funcionamento das torcidas por meio da psicologia comportamental reduzindo assim sensivelmente o número de polícias destinados à segurança em dias de jogos; comprometeu-se com o recente Estatuto da Criança e do Adolescente com o Núcleo de Atendimento a Crianças e Adolescentes destinado a atender menores em situação de rua e o Programa de Educação de Resistência contra as Drogas (Proerd), que combatia o tráfico nas escolas. Apoiado em estudos na área, Cerqueira participou durante toda sua carreira de seminários, congressos e cursos em países como Estados Unidos, França e Canadá e incentivou seus oficiais a ampliarem também seus conhecimentos. A referência teórica lhe era muito cara, fundou a Biblioteca da Polícia Militar com literatura técnica sobre violência, criminalidade, polícias, corrupção entre outros temas que desenvolvessem reflexões acerca da segurança pública.
Como marca também de sua gestão ficou a punição a policiais corruptos e envolvidos com crimes. Ao fim do governo, reformado, passou a integrar o Instituto Carioca de Criminologia, ONG fundada por Nilo Batista dedicada ao estudo da violência urbana e ação policial. Foi assassinado em 1999 aos 62 anos sob circunstâncias nunca totalmente esclarecidas. Ao longo de sua carreira, Cerqueira se preocupou em ter um olhar renovador da função da polícia, voltando-se para a cidadania e respeito aos direito humanos.
Em 1983, o coronel Cerqueira foi convidado para ocupar a recém-criada secretaria de Polícia Militar no governo de Leonel Brizola, o primeiro a ser eleito por voto direto após a ditadura. Diante do cenário de redemocratização que vivia o país, o novo governo desenvolveu um Plano Diretor para a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro com objetivo de reformar a instituição questionando o uso apenas repressivo da instituição e sua relação com a sociedade. Cerqueira que conjugava da ideia que a questão da violência urbana possui diversas origens, incluindo o aumento da desigualdade social. Outra medida de Brizola foi nomeá-lo para comandante da corporação, sendo então o primeiro negro a ocupar o cargo.
O tráfico de drogas se expandiu rapidamente nesse período, Cerqueira não conseguiu implantar mudanças voltadas à prevenção, sendo cobrado pela sociedade por resultados imediatos, quando as ações direcionadas para o social possuem resultados a médio e longo prazo. Houve também resistência interna em aceitar a mudança de postura proposta - Cerqueira acreditava que polícia deveria ser um serviço oferecido à sociedade em oposição a ideia de polícia a serviço do Estado.
Com o retorno de Brizola a chefia do executivo estadual em 1991, o coronel retomou a secretaria conseguindo desta vez, alguns avanços na área de segurança pública. Seu plano de ação sustentava a ênfase na prevenção e no gerenciamento de conflitos. Implantou o policiamento comunitário de forma experimental em Copacabana, integrando polícia e população; criou o Grupo de Vigilância em Estádios (Gepe) para conter a violência nos estádios de futebol visando compreender o funcionamento das torcidas por meio da psicologia comportamental reduzindo assim sensivelmente o número de polícias destinados à segurança em dias de jogos; comprometeu-se com o recente Estatuto da Criança e do Adolescente com o Núcleo de Atendimento a Crianças e Adolescentes destinado a atender menores em situação de rua e o Programa de Educação de Resistência contra as Drogas (Proerd), que combatia o tráfico nas escolas. Apoiado em estudos na área, Cerqueira participou durante toda sua carreira de seminários, congressos e cursos em países como Estados Unidos, França e Canadá e incentivou seus oficiais a ampliarem também seus conhecimentos. A referência teórica lhe era muito cara, fundou a Biblioteca da Polícia Militar com literatura técnica sobre violência, criminalidade, polícias, corrupção entre outros temas que desenvolvessem reflexões acerca da segurança pública.
Como marca também de sua gestão ficou a punição a policiais corruptos e envolvidos com crimes. Ao fim do governo, reformado, passou a integrar o Instituto Carioca de Criminologia, ONG fundada por Nilo Batista dedicada ao estudo da violência urbana e ação policial. Foi assassinado em 1999 aos 62 anos sob circunstâncias nunca totalmente esclarecidas. Ao longo de sua carreira, Cerqueira se preocupou em ter um olhar renovador da função da polícia, voltando-se para a cidadania e respeito aos direito humanos.
Locais
Rio de Janeiro
status legal
funções, ocupações e atividades
Secretario de Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro: 1983-1988 e 199-1994
Mandatos/Fontes de autoridade
Estruturas internas/genealogia
contexto geral
Área de relacionamento
Área de controle
Identificador da descrição
BR RJAPERJ.CER
Identificador da instituição
BR RJAPERJ
Regras ou convenções utilizadas
Brasil. Conselho Nacional de Arquivos. NOBRADE: Norma Brasileira de Descrição Arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2006.
Estado
Preliminar
Nível de detalhe
Datas de criação, revisão e eliminação
Acervo identificado pela estagiárias Isadora Braz dos Santos Toledo Cabral e Gabriela Monteiro da Costa, sob a supervisão de Clarissa Ramos Gomes em 2015.
Idioma(s)
Sistema(s) de escrita(s)
Fontes
CRUZ, Carlos Nobre. Nazareth Cerqueira: um exemplo de ascensão negra na Polícia Militar. In: X Congresso da Alaada - Associação Latino-Americana de Estudos Afro-Asiáticos, 2002, Rio de Janeiro. Nazareth Cerqueira. Um exemplo de ascensão negra na Polícia Militar, 2002.
LEAL, A. et al. Sonho de uma polícia cidadã: Coronel Carlos Magno Nazareth Cerqueira. Rio de Janeiro: NIBRAHC, 2010.
SILVA, Bruno Marques. Polícia não é Exército: a trajetória do coronel Nazareth Cerqueira e a segurança pública no Rio de Janeiro (1983-1995). IN: Anais do XV Encontro de História Regional Anpuh-Rio. 2012.